Resumo: O leite de cabra apresenta características desejáveis frente ao leite bovino, como melhor digestibilidade e hipoalergenicidade, justificando o aumento de seu consumo nos últimos anos. O leite de cabra cru é frequentemente relacionado à presença de patógenos, como membros da família Enterobacteriaceae, ressaltando que o seu consumo é um problema de saúde pública. O objetivo deste trabalho é avaliar a tolerância das enterobactérias isoladas de leite de cabra cru a sanitizantes aplicados usualmente na indústria de alimentos, como hipoclorito de sódio, quaternários de amônio e ácido peracético. No experimento foram utilizados 17 isolados de enterobactérias obtidas de amostras de leite de cabra cru, provenientes do estado do Rio de Janeiro. Para determinação das concentrações mínimas inibitórias (CMI), cada enterobactéria foi testada em triplicata com diferentes concentrações dos sanitizantes, por meio de método de diluições em microplaca, e foram considerados tolerantes os isolados cuja CMI de cada sanitizante foi superior à concentração recomendada pela Food and Drug Administration (FDA). As CMI dos dezessete isolados utilizados no experimento com hipoclorito de sódio revelaram-se maiores do que a concentração recomendada pela FDA (200 ppm). Ainda, um dos isolados de Serratia liquefaciens e um de Pantoea agglomerans foram tolerantes a todas as concentrações testadas (até 5000 ppm). Embora nem todos os isolados sejam considerados patógenos, exercem importante influência na cadeia produtiva do leite, como produção de enzimas deteriorantes e formação de biofilme. Assim, pode-se concluir que o hipoclorito de sódio não é indicado para inibir os isolados testados no experimento, fazendo com que o processo de higienização com o sanitizante seja um empecilho na cadeia produtiva de leite de cabra. Desta forma, o projeto terá continuidade avaliando outros sanitizantes, com o objetivo de encontrar alternativas mais eficazes.

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